As pesquisas de opinião
Aproximam-se as eleições e começam a pipocar pesquisas de opinião Brasil afora. Desde institutos “renomados” até sinecuras do mercado de venda de pesquisas de opinião pública ao gosto do freguês. As pesquisas de opinião pública, apesar de sua aparente objetividade estatística, carregam consigo uma série de mazelas que distorcem a complexa realidade social e política que se quer avaliar.
Por mais inocente que pareça, pesquisa de opinião é uma armadilha sutil e poderosa de controle. A linguagem utilizada, a ordem das questões, as opções de resposta: tudo pode induzir o entrevistado a um viés específico, manipulando sutilmente o resultado final. Ao apresentar os resultados em números e percentuais reducionistas, ela ignora as nuances, os contextos e as intensidades dos sentimentos individuais e coletivos. E é aí onde mora o perigo.
As empresas argumentam da efemeridade da opinião, sujeita a mudanças rápidas e contextuais, o que contrasta com a rigidez dos dados coletados em um momento específico, tornando a “fotografia” da opinião pública rapidamente desatualizada. Mas é a pressão por resultados rápidos e a lógica mercadológica dos institutos de pesquisa que terminam por comprometer a profundidade e a precisão das análises.
A divulgação de resultados pode gerar um efeito de “onda”, onde indivíduos tendem a se alinhar com a maioria apontada. Em períodos eleitorais, essa influência pode ser ainda mais danosa, moldando percepções e até mesmo o voto em detrimento do fornecimento de dados reais para subsidiar o eleitor.
No Brasil, a polarização política exacerba essas mazelas, com pesquisas sendo frequentemente utilizadas como armas de propaganda, descontextualizadas e manipuladas para favorecer determinados grupos. A credibilidade dos institutos é constantemente questionada, minando a confiança da sociedade em um instrumento que deveria ser de aferição e compreensão, e não de persuasão.
Em suma, se as pesquisas de opinião não forem conduzidas e interpretadas com extremo rigor metodológico e senso crítico, elas correm o risco de serem meros simulacros da complexa tapeçaria da opinião pública, obscurecendo em vez de iluminar as dinâmicas sociais e políticas que moldam o nosso mundo.
Veja-se o caso recente das pesquisas para presidente da República onde só aparecem os mesmos de sempre, com variantes. Não sou eleitor dele, mas, por que Ciro Gomes, um bom, mas exaltado quadro, nunca é pesquisado? E as pesquisas “encomendadas” que recentemente foram objeto de atenção em Alagoas por suas rasas qualidade técnica e indícios de manipulação? E os escândalos havidos nos últimos 50 anos? E os erros clamorosos de boca de urna? É preciso o cidadão ficar atento ou pode ser engabelado.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA